"A mitologia é a música. É a música da imaginação, inspiradas nas energias do corpo"
— Joseph Campbell
O termo “mitologia”é originado do grego pela junção de duas palavras: “mythós” que significa narrar, contar e “logia” que expressa estudo. Logo, podemos considerar etimologicamente que mitologia é o estudo dos mitos. Com isso, é levantado o questionamento do que seria mito. Diferentemente do que o senso comum geralmente pensa, em que retrataria uma mentira, lenda ou algo inverdadeiro a palavra adquire outro significado. No contexto da Mitologia, Joseph Campbell durante sua vida e obras escritas retrata entre várias analogias, que os mitos são histórias com a função de explicar fatos misteriosos que estiveram na mente do ser humano desde os povos mais antigos.
Joseph Campbell é um sociólogo, mitólogo estadunidense que se destacou por suas pesquisas de mitologia comparada. Apesar de sua formação católica, desde criança se interessa pela cultura e religião dos índios norte-americanos, ampliando para diversas outras posteriormente. Durante esse processo, percebeu que muitos temas e assuntos se repetiam em várias sociedades, mudando a maneira como eram representados e contados. Com isso, partiu para o aprofundamento e estudo acadêmico da mitologia das diversas culturas. Como resultado, produziu obras de destaque como “As Máscaras de Deus”, “O Herói de Mil Faces”, em que aborda a Jornada do Herói e “O Poder do Mito”.
A obra é baseada no documentário de mesmo nome realizado entre o renomado jornalista Bill Moyers e Campbell pouco antes de sua morte. Entre os assuntos tratados, está a discussão do que seria mitologia, sua importância e influência nas mais diversas civilizações ao longo da história, o papel da mulher na sociedade decorrente dessa influência, comparações de mitos semelhantes em culturas distintas e, apresentar as “Quatro Funções do Mito”. Para Campbell, os mitos possuíam quatro funções: Mítica, Cosmológica, Social e Pedagógica.
A Mítica diz respeito ao mistério que as histórias possuem. Entender o desconhecido implicava na tentativa de materializar o desconhecido por meio dos mitos. Para Campbell, se o mistério for perdido, a história deixa de ser um mito. A Cosmológica é responsável por explicar a origem e forma do Universo, o mistério é presente novamente, pois, tem o desafio de explicar algo tão complexo e que ainda hoje há divergências, quanto mais há milhares de anos. A função Sociológica tem o objetivo de exercer uma ordem e estruturação social nas civilizações, havendo grandes diferenças de um povo para outro. Por exemplo, o papel e importância da mulher. Onde havia o sistema matrilinear, era a ela o posto de destaque, devido entre outros fatores por seu poder de geração de vida, já em outras, era ao homem esse papel enquanto que elas deveriam ser submissas e sem autonomia.
A quarta função é a Pedagógica e merece destaque. Campbell defendia que todas as pessoas deveriam se envolver com ela, pois, as ajudaria a perceber a mensagem que as histórias possuem. Todos os mitos possuem algum recado ou ensinamento na qual querem transmitir. E captá-la não depende necessariamente do indivíduo pertencer àquela crença. Nisso, vale destacar novamente que o site não possui o intuito de converter os usuários à crença iorubana, mas sim dar voz e espaço a uma rica cultura que foi silenciada devido entre outras razões a escravização de seu povo.
Descubra sobre algumas das mitologias mais conhecidas pelo mundo.
A Mitologia Grega originou-se da união das mitologias Dórica e Micênica com seu desenvolvimento ocorrido por volta de 700 a.C.,sendo um conjunto de crenças politeístas e mitos (histórias e lendas) objetivando explicar alguns fatos, como a origem da vida, a vida após a morte, ou até mesmo os fenômenos da natureza.
Não existem escrituras sagradas (como a Bíblia para os cristãos) a respeito da Mitologia Grega. Isto é, as principais fontes a esse respeito foram escritas no século VIII a.C. por Hesíodo(Teogonia) que retratava a origem e história dos deuses gregos, e por Homero (Ilíada e Odisseia) que abordava os grandes acontecimentos envolvendo heróis e deuses.
Os deuses, além de ter forma humana, tinham também sentimentos como amor, inveja, traição, entre outros. Suscetíveis a esses sentimentos, era comum os deuses se apaixonarem por humanos e com eles terem filhos. Sendo assim,alguns heróis da Mitologia Grega eram filhos de deuses e humanos, porém, os deuses, diferentes de seus filhos, eram imortais.
Os deuses do Monte Olimpo(ponto mais alto de toda a Grécia, com uma altitude de aproximadamente 2900m) são os deuses mais poderosos dos vários grupos de deuses. Estes se dividem em várias classes, em que a principal é formada pelos 12 seguintes deuses:Zeus (deus supremo), Hera (deusa protetora dos casamentos), Apolo (deus da luz, poesia e música), Atena (deusa da sabedoria), Afrodite (deusa do amor e da beleza), Ares (deus da guerra), Poseidon (deus do mar), Hefesto (deus do fogo), Ártemis (deusa da caça), Héstia (deusa do lar e do coração), Deméter (deusa da agricultura) e Hermes (deus mensageiro). As demais classes são formadas por deuses como Hades (deus do inferno), Dionisio (deus do vinho), Gaia (deusa da terra) entre outros. Há também como mencionado anteriormente os heróis, filhos de deuses com humanos que são: Aquiles, Jasão, Teseu, Édipo, Agamenon, Menelau, Ulisses e Hércules (principal herói grego). A Mitologia Grega também é permeada por inúmeros seres mitológicos, como Ninfas, Sereias, Centauros, Minotauros, Pégassos e Ciclopes.
A Mitologia Grega pode ser observada em vários filmes, que buscam retratar a Grécia Antiga e seus personagens fantásticos como em “Percy Jackson e o Ladrão de Raios”.
A Mitologia Romana originou-se com a fundação do Reino de Roma por volta de 700 a.C., sendo um conjunto de crenças politeístas e mitos (histórias e lendas) objetivando explicar alguns fatos, como a formação do mundo, os fenômenos da natureza, os sentimentos e sensações físicas dos humanos e a evolução do conhecimento.
Para os romanos, homens e deuses teriam que viver em harmonia, tendo confiança mútua, sendo que os rituais e cultos aos deuses tinham como objetivo agradá-los, pois dos deuses dependiam a saúde, o sucesso na guerra, as colheitas fartas, enfim, a prosperidade dos homens. Ao contrário dos gregos, os romanos não especulavam sobre a origem dos deuses. Eles apenas cumpriam os rituais com exatidão, para garantir a harmonia para com os deuses.
Assim como na Mitologia Grega, os deuses romanos tinham características dos humanos, como alguns sentimentos e a aparência física. Porém, não tinham contato direto como os homens, como acontecia na Mitologia Grega.
Os principais deuses romanos são: Júpiter (deus supremo), Apolo (deus do sol, música e poesia), Juno (deusa protetora da mulher, do casamento), Marte (deus da guerra), Vênus (deusa do amor e da beleza), Diana (deusa da castidade, da lua e da caça), Ceres (deusa da agricultura e da fecundidade da terra) e Baco (deus da alegria e do vinho). A Mitologia Romana também é permeada por inúmeros seres mitológicos, como Ninfas, Bacantes e Faunos.
Após calamidades causadas principalmente por guerras, a maioria da sociedade romana adotou uma atitude cética em relação aos deuses, por estes não terem lhes protegido, apesar dos rituais oferecidos. Em meados do século III a.C., a crença nos deuses foi dando espaço a religiões orientais com aspectos mitológicos, com características como envolvimento pessoal, ritos de iniciação e sacrifícios. Após alguns séculos, o Cristianismo tornou-se a religião do povo, sendo reconhecido apenas em 313 d.C.
Vale lembrar que alguns deuses eram inseridos na história da mitologia assim que os romanos iam conquistando os territórios e mesclado sua cultura com outras. Foi assim que aconteceu quando eles conquistaram as regiões da Grécia. Por isso, muitos dos nomes de deuses gregos foram adaptados à romana. Exemplo, “Zeus” dos gregos é “Júpiter” dos romanos, com isso a junção dessas duas mitologias denomina-se “mitologia greco-romana”.
A Mitologia Romana assim como a Grega pode ser observada em vários filmes, que buscam retratar a Roma Antiga e seus personagens fantásticos como em “Fúria de Titãs”.
A mitologia nórdica, também denominada “mitologia germânica” é originada do povo nórdico, os famosos Vinkings, que habitavam a região da Escandinávia, onde correspondem atualmente a Dinamarca, Islândia, Noruega e Suécia. Diante disso, os reinos Vinkings, na chamada “Era Vinking” tiveram grande importância na criação e disseminação dos mitos.
Suas histórias eram repassadas e transmitidas oralmente para as gerações seguintes além de ter sido registrado nos Eddas e outros textos medievais escritos. Após o processo de cristianização, a tradição perdeu muito a sua força e grande parte da crença conhecida atualmente é devido ao encontro desses antigos registros.
Assim como em outras mitologias, é marcante a presença de deuses, heróis, gigantes, monstros que inseridas em vários mitos tentavam explicar a origem da humanidade, fenômenos da natureza, como também o fim da humanidade e do mundo (Ragnarok).
Nessa mitologia, existem nove mundos ou reinos que são ligados e sustentados pela árvore da vida, a chamada “Yggdrasil”. São estes os nove reinos: Midgard (é o planeta Terra, morada dos humanos); Asgard (morada dos deuses da classe Æsir, vivem nos céus, seu guardião é Heimdall); Álfheim (onde vivem os belos Elfos de luz); Muspelheim (mundo das chamas eternas onde vivem os gigantes de fogo); Vanaheim (reino dos deuses da classe Vanir); Nidavellir (morada dos anões e dos Elfos negros), Jotunheim (mundo dos gigantes de gelo e das montanhas), Niflheim (reino mais escuro e gelado) e Helheim (mundo dos mortos governada por Hel filha de Loki e deusa da morte). Além disso, vale destacar que a conexão entre Midgard e Asgard se dava por meio de uma ponte na forma de um arco-íris, a Bifrost.
Entre alguns dos principais deuses há: Odin (maior dos deuses, tem a sabedoria como uma das características principais), Thor (filho de Odin, considerado o deus do trovão, ao lado de seu poderoso martelo Mjölnir vencia várias batalhas), Loki (considerado às vezes como um deus, outras como um gigante é irmão de criação de Thor e possui a mentira como traço principal, sendo considerado o pai delas), Frigga (esposa de Odin e mãe de Thor, é a deusa da fertilidade e tem característica de conciliadora), Freya (deusa do amor, beleza e da fertilidade e líder das Valquírias).
Alguns heróis existentes são: Beowulf (entre seus feitos, ter matado o grande e terrível dragão Grendel) e Siegfried (humano que ganha invulnerabilidade após se banhar no sangue do dragão Fafnir, possuía sua famosa espada Gram).
A mitologia egípcia é originada no Antigo Egito, áreas correspondentes aos territórios do Egito moderno. Essa importante e notável civilização, uma das mais remotas da Antiguidade, se concentrou em volta do curso inferior do Rio Nilo. Além da razão de ter fácil acesso à água, muito importante devido sua região desértica, o rio apresentava uma característica especial.
Após o período de cheias, quando o nível baixava ao normal, próximo às margens ficava armazenado um poderoso fertilizante natural, o húmus. Com ele foi possível desenvolver a agricultura na região capaz de atingir altos índices de produtividade, por esse motivo que a civilização era denominada de o “Celeiro do Oriente”. Devido ao seu incrível poder fertilizante e a agricultura ser uma importante base econômica, o Rio Nilo e a água foram um importante aspecto na mitologia egípcia.
Entre os temas retratados, há a origem do universo, fenômenos da natureza, como o dia e a noite, explicações da baixa ou alta fertilidade do Nilo e o fim do mundo. Devido ao sistema de governo ser teocrático, a religião e a mitologia - principalmente em sua terceira função - assumiam um importante papel na organização social.
As divindades egípcias possuíam traços humanos com o poder de transformação. Além disso, existem deuses que misturavam formas de animais e humanos, sendo o antropozoomorfismo uma característica marcante nessa mitologia. Esses deuses, denominados “Neteru” eram divididos em dois grupos: os Neterus Primordiais e Geradores. O primeiro grupo é composto entre outros por Nun (líquido cósmico que deu origem ao Universo), Atum (transformação de Nun, é o responsável pela explosão do Universo que deu origem aos corpos celestes, havendo a separação entre céu e Terra), Rá (um dos principais deuses, é criador do mundo e representa o Sol, segundo à crença egípcia os faraós seriam a encarnação de Rá). O segundo grupo é composto por Shu (deus do ar) sua irmã Tefnut (deusa da umidade) e seus filhos Geb (deus da terra) e Nut (deusa dos céus).
Estes geraram os Neterus da Primeira Geração: Osíris (primeiro faraó do Egito, é assassinado por seu irmão Seth e torna-se o juiz dos mortos), Seth (deus do caos, assassina seu irmão Osíris; tem a forma do porco-formigueiro), Ísis (deusa do amor, fertilidade e da magia. O Rio Nilo surgiu após derramar lágrimas pela morte de seu irmão-esposo Osíris) e Nephthys (esposa-irmão de Osíris e Seth, se separa deste após seu crime). E eles geraram os da Segunda Geração como: Hórus (filho de Osíris e Ísis, mata seu tio Seth para vingar a morte de seu pai e torna-se o faraó e líder supremo; possui a cabeça de falcão), Hathor (esposa de Hórus, deusa das festas, vinho, alegria; possuía a cabeça de uma vaca) e Anúbis (deus dos mortos, foi o primeiro a criar uma múmia, ao preparar o corpo de seu pai falecido; possui a cabeça de chacal).
![[1]](https://cdn.britannica.com/s:300x300/21/129221-004-E739B8FC.jpg){kind=link}